Análise: Dome procura mudanças e tempo, artigos em falta no vitorioso Flamengo de 2020

- Se quiser jogar de memória, precisa de tempo.

Foi o que disse o técnico do Flamengo na curta coletiva de imprensa após o empate (1 a 1) com o Botafogo pela quinta rodada do Brasileiro. Domenèc Torrent comemorou que vai ter uma semana “limpa” para trabalhar conceitos no seu novo Flamengo. Ele quer tempo para mudanças.

Tempo e mudanças. O primeiro ele mal vai ter no calendário brasileiro especialmente insano de 2020/2021 em cenário de pandemia. O segundo é o caso de entender a razão do treinador para ir atrás de mudanças, de seu estilo , como deixa a cada dia mais nítido que vai fazer o catalão.

Gabigol cumprimenta Dome depois de marcar o gol de empate do Flamengo — Foto: André Durão
1 de 1 Gabigol cumprimenta Dome depois de marcar o gol de empate do Flamengo — Foto: André Durão

Gabigol cumprimenta Dome depois de marcar o gol de empate do Flamengo — Foto: André Durão

Com 15 finalizações contra o Botafogo - e total de 67 nos cinco primeiros jogos (destes, 19 no gol, o que significa 30% das tentativas), Dome afirmou que o time precisa aprimorar finalizações

Algumas perguntas se impõem: as mudanças eram tão necessárias? Por que ele quer modificar sistema, estilo de jogo, funções, jogadores? É tudo ao mesmo tempo agora? E voltamos ao início. Ele vai ter tempo para isso?

Compreensão, por enquanto, ele teve mais de colegas de profissão, como Paulo Autuori - veja o vídeo abaixo - e Renato Gaúcho, do que da torcida e da crítica. Publicamente, existe o respaldo do clube.

Mas respostas reais passam pelos dois encontros que Domenèc teve com a direção do Flamengo . Na Espanha, se reuniu com o vice de futebol Marcos Braz e com o diretor Bruno Spindel. Na pauta rubro-negra, quão a fundo pode ter sido a conversa sobre metodologia de trabalho, conceitos e o tempo adequado para implementá-lo?

Fato é que Domenèc vai atrás das suas soluções. Tateia a melhor formação, tateia as opções táticas e até, numa função quase inédita na sua vida (depois do período nos EUA), a relação direta com jogadores. Ele já avisou que não são os nomes que vão se escalar . Vai jogar quem estiver melhor – e melhor não necessariamente é o mais técnico neste momento, mas o que está melhor preparado fisicamente e também, quem sabe, psicologicamente.

Thiago Maia bem

A opção por Pedro Rocha se mostrou interessante. Pela esquerda ele criou as melhores chances do Flamengo , com boas jogadas individuais. Do outro lado, Dome encaixou Gabigol, com Bruno Henrique ao centro. Privilegiou juntar Diego e Éverton Ribeiro saindo do meio para abastecê-los, o que pouco aconteceu. Faltou força, objetividade e visão de jogo para a dupla. Arrascaeta, elogiado por Dome na coletiva, ficou no banco.

Na segunda etapa, mudou. Gabigol foi para o centro da área e Bruno para a esquerda – deixou Pedro Rocha do outro lado para auxiliar Matheusinho contra o infernal Luis Henrique, do Botafogo. Foi com essa formação que Bruno fez tabela com Thiago Maia – entrou bem no segundo tempo -, invadiu a área e perdeu a bola até Filipe Luís cruzar para o gol de Gabigol. A jogada foi anulada pelo toque de mão de Bruno.

O precioso tempo chega ao longo desta semana para Dome. Vai receber reforço de nível para a saída de Rafinha - o chileno Isla, que vai estar à disposição -, vai treinar ao longo da semana e terá períodos de recuperação e de treinamento para readaptar o modelo de jogo do Flamengo. Dome deixa recados no ar de esgotamento do time quase imbatível de 2019 .

Disse isso ao lembrar que manter no topo é muito difícil e reforçou, nas entrelinhas, com ações - ao modificar posições e esquemas - e palavras ("Se quiser jogar de memória precisa de tempo. Jogar com estilo muito claro é mudar coisas"). Dome vai atrás de desempenho e resultado. Por enquanto seu time não conseguiu nem um nem outro.

Fonte: Globo Esporte
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