Análise: de QI alto, Flamengo vence com eficiência e pouco sofre no Castelão

O Flamengo fez uso do alto QI de seus jogadores para vencer o Fortaleza por 2 a 0, no Castelão. Eficiente, botou para dentro um terço das finalizações que realizou no jogo, deixou o ataque adversário em impedimento por cinco vezes e pouco sofreu. Vitória sem domínio amplo, mas com extrema segurança.

Gol com participação de 10 jogadores e série de acertos

Com os laterais construtores Matheuzinho e Filipe Luís escalados devido a problemas clínicos de Wesley e Ayrton Lucas, o Flamengo potencializou seus pontas. Transições rápidas de Luiz Araújo e Everton Cebolinha, que terminariam como destaques, levaram o time à frente.

Numa trama ofensiva que não terminou em pênalti porque Anderson Daronco interpretou um corte com a mão de Brítez como uma ação para apoiar o abraço, a inteligência coletiva começou a aparecer . Matheuzinho deu um chutão para cortar um ataque rival, e Pedro, pressionado, fez movimentação e gesto técnico perfeitos para transformar cabeçada no círculo central em passe para Everton Cebolinha progredir.

Cebolinha ligou em Luiz Araújo, que encaixou lindo passe para Pedro dentro da área. O 9 chutou, e Brítez bloqueou com a mão. O gol parecia ficar maduro.

Embora o Flamengo continuasse melhor, as oportunidades escassearam até o momento do gol, aos 44 minutos. O lance merece descrição detalhada e com destaque para Rossi (veja no vídeo que abre a matéria).

Teve participação de 10 jogadores - somente Matheuzinho não tocou na bola - e começa com pinta de uma troca de passes infrutífera dos zagueiros Fabrício Bruno e Léo Pereira, mas são esses toques que fazem as linhas do Fortaleza andarem para frente e para trás.

Até que Fabrício opta por recuar em Rossi. O toque para trás que geralmente irrita torcida atrai o Fortaleza. Sete jogadores rivais pisam no campo de ataque do Flamengo enquanto Rossi ajeita o corpo e ganha tempo para lançar no timing certo para Arrascaeta. Com espaço, o uruguaio recebe no vazio, observa Erick Pulgar subir e passa.

Filipe Luís em ação na partida entre Fortaleza e Flamengo — Foto: Gilvan de Souza/Flamengo

Pulgar inverte de três dedos e desce para tornar o time mais compacto. Enquanto Cebolinha tentava a progressão com drible curto, Filipe Luís se aproximava. Luiz Araújo perde parcialmente a bola, mas briga e mantém a posse com os rubro-negros. Filipe está ao lado para receber de Maia e dar um passe na direção da área.

Erick Pulgar, que já estava na área, faz o corta-luz, e Pedro chuta com precisão. Golaço. Gol de paciência, experiência e capacidade de combate para recuperar a bola após duas perdas parciais. Tudo isso em 53 segundos.

E o Flamengo poderia ter ido para o intervalo com vantagem maior caso Arrascaeta e Everton Cebolinha tivessem marcado em belos contra-ataques que os próprios puxaram.

Segundo tempo: Tite mexe, e Flamengo mata

O Fortaleza voltou do intervalo com Lucas Crispim e empurrou o Flamengo para o campo de defesa. O recuo trouxe intranquilidade para a torcida após bola na trave de Crispim, mas aquele seria lance praticamente isolado em um time que abusava de erros e de chutes de fora da área.

Os dois lances que seriam os de maior perigo não valeram. Um chute de Marinho no primeiro tempo, defendido por Rossi, e uma cabeçada de Lucero para fora no segundo. A bandeira subiu em ambos os lances porque a linha de impedimento do inteligente Flamengo funcionava muito bem.

Veio a primeira mexida quando o Rubro-Negro pouco criava. Arrascaeta era discreto, e Victor Hugo o substituiu para o Flamengo ter maior ocupação de espaços no meio. A produção seguiu escassa.

O 1 a 0 se tornava perigoso com o Fortaleza se lançando para frente com Thiago Galhardo e Pikachu. Por outro lado, sabia-se que a exposição geraria espaços. Faltava mexer em quem estava desgastado. Tite o fez. Saíram Cebolinha e Pedro, entraram Ayrton Lucas, com condição física para jogar poucos minutos, e Everton Ribeiro.

O resultado veio em cinco minutos após a mexida dupla. Outro reserva que havia entrado antes por conta de uma pancada levada por Thiago Maia foi fundamental.

QI alto dos ídolos define parada no segundo gol

Rodrigo Caio, mais uma vez volante, aproveitou saída errada de João Ricardo com os pés e cabeceou no vazio para Ayrton Lucas, que tocou em Filipe Luís e passou. Filipe devolveu na medida, Ayrton cruzou, e Éverton Ribeiro fez um corta-luz indecente para Luiz Araújo, o mais intenso e melhor dos rubro-negros no Ceará, decretar a vitória. Um gol de muita inteligência.

Por mais que o Fortaleza tenha finalizado 19 vezes, mais do que o triplo do Flamengo (seis), os donos da casa pouco assustaram. Só três chutes levaram relativo perigo, e o último deles, de Zé Welison na trave, aconteceu aos 50 minutos.

O Flamengo não foi brilhante, chutou duas vezes no gol no segundo tempo e nem tampouco controlou a posse (50% para cada lado), mas teve eficiência nas escassas oportunidades e inteligência para manter o rival longe de sua meta e deixá-lo por várias vezes fora da condição de jogo.

Tite disse que sua maior dificuldade até o momento é dar equilíbrio ao Flamengo . Nesses cinco primeiros jogos isso ficou claro. O time conseguiu três vitórias sem sofrer gols, mas levou viradas em partidas que pareciam sob controle. Como disse o treinador, apesar de toda a insatisfação pela temporada muito ruim, é necessário paciência para acreditar na recuperação definitiva de uma equipe que passa pela terceira reconstrução em 2023.

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Fonte: Globo Esporte