Análise: Ceni se perde nas palavras, e Flamengo carece de repertório para se impor em cenário de pressão

“A dificuldade que o Flamengo enfrentou hoje se deve muito a um sistema de três anos que foi montado por nós aqui no Fortaleza”.

A avaliação de Rogério Ceni após o empate da noite de sábado no Castelão soou como um autoelogio, mas nada mais é do que a definição de um Flamengo que encerra 2020 refém de seus próprios lampejos e frustrado por não empolgar na luta pelo título do Brasileirão.

Pedro perdeu pênalti no Castelão — Foto: CAIO ROCHA/FRAMEPHOTO/FRAMEPHOTO/ESTADÃO CONTEÚDO
1 de 2 Pedro perdeu pênalti no Castelão — Foto: CAIO ROCHA/FRAMEPHOTO/FRAMEPHOTO/ESTADÃO CONTEÚDO

Pedro perdeu pênalti no Castelão — Foto: CAIO ROCHA/FRAMEPHOTO/FRAMEPHOTO/ESTADÃO CONTEÚDO

Ao próprio treinador que gosta de utilizar as estatísticas a seu favor, o que aconteceu no Ceará indica números que não representam absolutamente nada. O Flamengo teve mais posse de bola (64% x 36%), mais finalizações (13 x 11), mas em momento algum conseguiu ser um time soberano diante do Fortaleza.

O 2 a 1 do São Paulo sobre o Fluminense horas depois, mesmo fora de casa, deu mostras da diferença entre dois times que não apresentam nem de perto o encantamento do Flamengo de 2019, mas se diferem por um conceito básico: competitividade. O time de Ceni no Castelão deixou o relógio andar achando que a vitória seria natural. O concorrente direto deu a vida ciente de que não há tempo a perder em um campeonato tão equiparado.

Os sete pontos de diferença, mesmo com um jogo a menos, são uma ducha de água fria para um Flamengo que precisa se esforçar ao limite mesmo diante de adversários bem piores tecnicamente. No Castelão, a disparidade foi essa, o esforço não tanto.

Seria até leviano “acusar” o Flamengo de preguiça na partida de Fortaleza. Por outro lado, seria complacência demais indicar que tratou-se de um time com performance condizente a urgência indicada na tabela de classificação.

Foram 90 minutos de um Flamengo de toques para os lados e cruzamentos ineficazes (e não dá nem para dizer que é novidade). A cada partida o discurso de melhor elenco dá lugar a um time refém de Ribeiro e Arrascaeta, que estão distantes de uma performance mediana para o que habituaram o torcedor.

Por fim, é preciso colocar na balança mérito e culpa de Pedro. Ao mesmo tempo em que vacilou em escorregão ao desperdiçar pênalti por cometer dois toques, foi responsável quase que solitário pelas duas oportunidades de um Flamengo que sequer lembra o que ainda fomenta no imaginário do trocador.

Rogério Ceni, técnico do Flamengo, de volta ao Castelão — Foto: Natinho Rodrigues/SVM
2 de 2 Rogério Ceni, técnico do Flamengo, de volta ao Castelão — Foto: Natinho Rodrigues/SVM

Rogério Ceni, técnico do Flamengo, de volta ao Castelão — Foto: Natinho Rodrigues/SVM

É preciso entender: 2019 dificilmente irá se repetir, mas, por outro lado, 2020 está distante do aceitável. Faltando 12 rodadas, o São Paulo navega tranquilo por fazer o que parece tão difícil para o Flamengo: o básico.

Fonte: Globo Esporte