Clássicos são universos à parte e palco para grandes jogadores brilharem. Foi assim ontem, no Maracanã, no empate em 1 a 1 entre Flamengo e Vasco pelo Brasileiro. Uma noite de domínio na maior parte do tempo do rubro-negro, que abriu o placar com Gerson, mas que terminou com o cruz-maltino igualando na base da vontade — e com o gostinho especial de ver o ídolo Philippe Coutinho marcando seu primeiro gol após o retorno ao clube.
As principais ações da partida ficaram reservadas para uma segunda etapa muito movimentada, que teve as duas equipes dando espaços e o Flamengo mostrando que, mesmo com o maior equilíbrio entre os rivais, ainda há disparidade de opções e consistência de jogo.
No reencontro 105 dias após a goleada por 6 a 1 — a maior do rubro-negro sobre o rival na história do clássico —, houve muitas provocações. Adesivos e folhetos em alusão ao resultado foram espalhados nos arredores do Maracanã. Dentro do estádio, uma bandeira também cutucava os cruz-maltinos, que respondiam com o bandeirão do presidente e ídolo Pedrinho.
Enquanto ainda adaptava sua equipe à realidade das lesões e perdas que sofreu, o técnico Tite promoveu as estreias de Gonzalo Plata e Alex Sandro. Com vigor e criatividade, o ponta equatoriano teve bons momentos no primeiro tempo. O lateral também foi sólido.
Luiz Araújo deixa o jogo com 15 minutos
Na primeira etapa, o Flamengo controlou mais as ações, principalmente enquanto teve Luiz Araújo em campo. O atacante acabou substituído após sentir uma lesão no joelho direito com apenas 15 minutos de jogo. Mais um drama para Tite, que precisou recorrer a Arrascaeta, então no banco. A mudança mexeu com a característica do Flamengo, que passou a ter posses mais longas e contava com Gerson variando entre a ponta e o meio para clarear e criar as principais jogadas.
O Vasco, mais competitivo e sólido defensivamente em relação àquele do primeiro turno, apostava no jogo de transição. O técnico Rafael Paiva abriu a partida com Jean David pela primeira vez como titular, em ataque complementado por Vegetti e David. Os espaços que o cruz-maltino esperava pouco apareceram, muito por conta das dificuldades na saída de bola.
Sforza vivia noite ruim e quase proporcionou um gol ao rubro-negro em bobeada na defesa, em que Arrascaeta e Léo Ortiz se enrolaram para concluir. E Erick Pulgar, de cabeça, parou em grande defesa do goleiro Léo Jardim.
Coutinho entra
De volta aos relacionados após se recuperar de lesão muscular na coxa esquerda e de um diagnóstico de Covid-19 que o tiraram de campo por 43 dias, Coutinho foi chamado num ambiente caótico. Enquanto aguardava para entrar em campo, viu o Fla abrir o placar com Gerson, premiado pelo grande jogo que fez, concluindo no canto após passe de Arrascaeta em jogada de Wesley. Foi um gol que parecia questão de tempo, após bolas na trave de Bruno Henrique e no travessão de Léo Ortiz.
— Foi uma excelente partida, dominamos o jogo praticamente todo. Infelizmente, ali no final, acabamos tomando um gol — analisou Gerson.
Já nos minutos finais, brilhou a estrela de Coutinho numa rara jogada em que o cruz-maltino executou bem o que tanto queria: a transição, após um vacilo de Léo Pereira lá na frente. Na base da vontade, Rayan puxou contra-ataque que passou por Emerson Rodríguez e chegou a Puma Rodríguez. Ele cruzou para o camisa 11 completar de cabeça e explodir a torcida do Vasco.
—Estava muito ansioso, um mês machucado... O pessoal sabe como eu queria voltar. Fiz de tudo, trabalhei para caramba, e hoje graças a Deus fui coroado com um gol— celebrou Coutinho.