Análise: As virtudes e os problemas anunciados do Flamengo após a Copa

Voltar da parada da Copa — depois de muitos treinos e expectativa — com uma derrota para um rival direto não era a retomada desejada pelo Flamengo. O revés para o São Paulo (1 a 0), diante de 55 mil pessoas no Maracanã, expôs fragilidades do time (algumas já velhas conhecidas). Também evidenciou fragilidades do elenco, que o técnico Maurício Barbieri tentou compensar com novas cartadas. Embora elas não tenham funcionado, seu trabalho é cheio de virtudes e promissor.

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Um problema se desenhava já antes do Mundial. Com Cuéllar e Jonas suspensos (este último ainda foi vendido), estava claro que Rômulo seria titular contra o São Paulo. O volante, porém, tornou-se peça de pouco proveito no rubro-negro. Sua participação com a bola no primeiro tempo, na quarta-feira, não foi ruim. Mas a dificuldade para ocupar espaços, potencialiazada pelo fato de o time atuar apenas com um meio-campista de características mais defensivas, renderam-lhe vaias ao ser substituído. Depois de tantos cases de sucesso recentes, está na hora de o rubro-negro apostar em Ronaldo como reserva do colombiano.

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O trio de meias pecou pela inconsistência: Everton Ribeiro começou bem, mas foi improdutivo na segunda etapa; Diego, buscando a bola na esquerda, errou mais passes em profundidade do que costuma fazer; e Lucas Paquetá não apresentou, ontem, nem a qualidade técnica nem a participação que dele se esperam.

O ataque também sofreu: Marlos ainda não mostrou (e dificilmente o fará) que pode substituir Vinícius Júnior; Guerrero, perdido entre seu possível adeus ao Flamengo e a incerteza sobre a duração da suspensão de sua pena por doping, entregou tão pouco quanto estava fazendo Henrique Dourado; e Uribe, embora tenha mostrado qualidade na leitura do jogo, cometeu o pecado de perder um gol feito.

Com o peruano e o colombiano juntos em campo, Barbieri trouxe Renê para a posição de volante e lançou o desinteressado Trauco na lateral-esquerda. Seu único objetivo, lançar bolas na área até que algum dos camisas 9 trouxesse alívio, não foi alcançado. Matheus Sávio, muitas vezes testado no meio durante a parada para a Copa, até fez uma graça surpreendente pelo lado direito, mas matou a última chance do time no jogo com um passe inexplicavelmente sem direção.

Assim como a vantagem de quatro pontos não era expressiva, a aproximação do tricolor não pode ser encarada como um desastre a esta altura. Mas serve como alerta: o Flamengo que evoluiu nas mãos de Barbieri precisa de ajustes. Alguns terão que vir de fora, como a possível contratação de Vitinho; outros, podem ser encontrados em casa, como a melhor aproveitação de Ronaldo e Thuler — este já provou que, se o mérito se sobrepuser ao moral, deve ser titular no lugar de Réver. Talvez já para o sábado, quando o Flamengo enfrentará o Botafogo, no mesmo Maracanã, em busca da reabilitação.

Fonte: O Globo