Alvo do Flamengo , o atacante Juninho chegou ao Qarabag em 2023 e, desde o ano passado, atrai olhares de clubes de maior expressão pelo mundo. A boa participação na Liga Europa abriu portas. No time do Azerbaijão, ele tem a companhia de outros três brasileiros: Matheus Silva, Júlio Romão e Richard Almeida, que se naturalizou azerbaijanês.
Mas quem é o jogador que fez os olhos de Filipe Luís brilhar? Juninho tinha acertado sua transferência para o Sevilla (Espanha) quando o recebeu o telefonema do técnico do Flamengo e mudou de ideia. Agora, o clube rubro-negro tenta comprá-lo junto ao Qarabag.
Amigo de Juninho, o brasileiro Júlio Romão chegou ao Azerbaijão um ano antes dele, em 2022. Nos dois anos em que conviveu com o alvo do Flamengo , viu um atacante diferente do que estava habituado a assistir no futebol brasileiro. Garante que o companheiro está pronto para assumir papel de destaque no time rubro-negro.
- O Juninho é um centroavante diferente de muitos que a gente tem hoje no futebol brasileiro. Geralmente tem aquele fazedor de gols, o outro que é mais móvel e sai um pouco da área, mas dificilmente tem aquele muito rápido, e o Juninho é assim. O motivo de ele ter feito tantos gols aqui com a gente é a velocidade. Movimentos de velocidade, a forma que ele passa dos marcadores é incrível, dificilmente centroavante faz - disse Romão ao ge .
- Não à toa surgiu o interesse do Flamengo e do Sevilla, grandes clubes, que aos nossos olhos era quase impossível que olhassem para um jogador do Qarabag. Tenho certeza de que ele vai mostrar o porquê de terem vindo atrás dele, é um grande jogador. Do nada pode resolver um jogo, como foi quando a gente precisou de uma jogada individual ou um lance diferente. Acho que vai fazer muitos gols aproveitando da velocidade, no Brasil estão em falta jogadores como ele - completou o volante.
O Qarabag chamou atenção em 2024 ao eliminar o Braga (Portugal) nos playoffs das oitavas de final da Liga Europa. Juninho marcou um dos gols da vitória por 4 a 2 no jogo de ida, e o time se classificou após perder na volta por 3 a 2. Nas oitavas, contra o Bayer Leverkusen (Alemanha), o alvo do Flamengo se destacou com dois gols e uma assistência. O clube do Azerbaijão foi eliminado depois de empate por 2 a 2 na ida e derrota por 3 a 2 na volta.
- Quando eu cheguei, me falaram que os jogos eram muito duros. O Qarabag tem sido campeão há muitos anos, porque o treinador já está aqui há muito tempo, mantém a filosofia do clube, poucos jogadores saem, e isso faz com que o time mantenha o rendimento. Mas a liga é difícil, porque os adversários nos enfrentam de forma diferente. Na Liga Europa, ou os times são do mesmo nível ou um pouco acima, então é diferente, a gente tem espaço para jogar. Aqui os times vêm mais recuados e fica mais difícil para a gente, tem jogos muito complicados, as equipes já nos conhecem. A liga é complicada, jogos de contato, pouco espaço… - analisou Romão.
O volante de 26 anos foi o brasileiro com mais desarmes na última edição da Liga Europa.
- Fizemos dois grandes jogos contra o Leverkusen e acredito que depois dali as pessoas passaram a olhar de forma diferente para o Qarabag. Esses meus números de desarmes foram surpresa até para mim. Quando era mais novo, eu jogava mais com a bola, não era um meia de marcação, mas tive que me adaptar a jogar mais recuado em Portugal, e isso me ajudou muito no meu desempenho no Qarabag - acrescentou o meio-campista.
Se Juninho trocar o Qarabag pelo Flamengo , voltará ao Brasil depois de cinco anos e meio longe do seu país de origem. Antes do Azerbaijão, ele passou quatro anos em Portugal, caminho parecido com o que Romão trilhou na carreira. Na temporada passada, a dupla foi campeã da primeira divisão do país. O volante já havia vencido o campeonato em 2022/2023.
Os dois não tiveram muito sucesso no futebol brasileiro. Revelado pelo Athletico-PR em 2015, Juninho passou por Portimonense (Portugal), Brasil de Pelotas, Grêmio Novorizontino, Figueirense e Vila Nova-GO antes de se transferir de vez para Portugal, onde jogou por Estoril Praia e GD Chaves até chegar ao Qarabag em agosto de 2023. Se voltar ao Brasil, enfrentará outra realidade:
- A torcida aqui é grande, os estádios ficam lotados em jogos grandes, mas a pressão não se compara à do Brasil. Aqui tem mais cobrança do treinador, mas não tanta da direção e da torcida. Tem alguns torcedores que falam, mas nada comparado ao Brasil, que às vezes é até demais. O Juninho é experiente, já jogou no Brasil e em Portugal, lógico que nunca esteve numa situação como essa, vai ser um salto grande do Qarabag para o Flamengo e, automaticamente, a cobrança vai ser grande. Ele vai saber lidar, o Juninho é um cara que trabalha, é chegar e fazer o que fez aqui, não tem segredo. Está pronto para chegar e jogar, vai ter a pré-temporada para conhecer os jogadores e estar apto, acredito que a probabilidade de ele dar certo no Flamengo é muito grande - afirmou o amigo.
Natural de Duque de Caxias, Júlio Romão fez base no Brasil, com passagens por Goiás e Athletico-PR, atuou pelo sub-23 da Ponte Preta e esteve por alguns meses no Santa Cruz antes de se transferir para o Santa Clara, de Portugal, aos 22 anos. Dois anos depois, recebeu proposta do Qarabag e se impressionou com o que encontrou no novo país.
- Em Portugal foi tranquilo, foi fácil de me adaptar, falava a mesma língua. Aqui foi totalmente diferente. Pessoas, cultura, clima… O que mais me chamou a atenção foi a forma como as pessoas me trataram, fui muito bem recebido, as pessoas de fora são bem-vindas aqui. Fiquei com medo antes de vir, mas quando conheci a cidade fiquei impressionado. Tem bastante coisas para fazer, já trouxe minha família e todo mundo amou. O Azerbaijão acaba ficando para trás porque as pessoas não conhecem, mas é um país melhor do que muitos da Europa. Segurança é top, aqui é muito bom, não tenho do que reclamar - contou Romão, que concluiu:
- Não falo quase nada do idioma daqui, o azerbaijano. Eles usam também o russo, mas é muito difícil. Eu me comunico muito em inglês, melhorei meu inglês e consigo fazer tudo hoje, me comunico bem com meus amigos de clube, resolvo problemas… Temos um tradutor de português no clube, porque tem quatro jogadores brasileiros, um colombiano, um de Cabo Verde e um de Portugal. Quando o treinador fala, ele traduz para a gente. No campo é mais o inglês. Os brasileiros acabam ficando mais juntos, nós quatro jogamos "Free Fire" (jogo eletrônico), passamos a maior parte do tempo juntos. Os outros que falam português também ficam muito com a gente.
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