Além de clubes, CBF ouviu jogadores sobre a paralisação. Maioria é contra.

Por Gabriel Coccetrone

Diante do momento mais crítico da pandemia no Brasil, a continuação do futebol se tornou um tema de muitas discussões. Nesta quarta-feira (10), a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) reafirmou o desejo de não paralisar as partidas, classificando o protocolo adotado como: "seguro, controlado e responsável". O posicionamento acontece após o Ministério Público recomendar que o esporte fosse paralisado em todo o país.

Conforme apurou o Lei em Campo , além dos clubes, os jogadores também vêm sendo consultados pela entidade brasileira sobre os protocolos adotados e a continuidade das competições. O contato é intermediado pela Federação Nacional dos Atletas Profissionais de Futebol (FENAPAF).

"Estamos participando dessas decisões importantes. A FENAPAF tem uma preocupação muito grande com a saúde de todos, e vem conversando permanentemente com atletas, além de confiar nos protocolos que vem sendo cumpridos pela CBF", afirmou Washington Mascarenhas, diretor financeiro da entidade..

Antes da primeira partida da final da Copa do Brasil, o presidente da entidade, Felipe Augusto Leite, se encontrou com o comandante da CBF, Rogério Caboclo, para tratar justamente sobre o problema de saúde pública que o país se encontra e o futebol no meio de tudo isso.

Segundo revelou a FENAPAF ao Lei em Campo , cerca de 90% dos atletas consultados são favoráveis a não paralisação do futebol . A Federação divulgou uma nota oficial sobre o tema (ver no fim da matéria).

No relatório sobre a efetividade do protocolo contra a Covid-19 divulgado pela CBF nesta quarta, foi revelado que apenas 2,2% dos 89.052 testes realizados até o momento tiveram resultado positivo. Para Walter Feldman, secretário-geral da entidade brasileira, a decisão mais correta seria a continuação das competições.

"A manutenção do futebol brasileiro, na nossa avaliação, é a medida mais correta, e exatamente por isso estamos conversando diariamente com governadores, prefeitos, autoridades sanitárias, passando nossas informações, e vários deles, quase a totalidade, têm sido extremamente sensíveis a argumentações técnicas e os resultados desse relatório que estamos apresentando".

"A aplicação do protocolo sanitário, com a convicção ainda mais forte que nós já tínhamos no ponto de vista teórico, em agosto, quando retomamos. Mas agora com convicção da aplicação na prática. O futebol é seguro, controlado, responsável e tem todas as condições de continuar", completou Feldman.

O infectologista e presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, Clóvis Arns, também participou da reunião, e fez questão de ressaltar que "não houve contaminação dentro de campo" em partidas organizadas pela entidade.

Nesta semana, o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) voltou a recomendar a paralisação de partidas de futebol em todo o estado. No entanto, o governo paulista decidiu manter, ao menos por enquanto, a realização dos jogos e competições. Dessa forma, o Campeonato Paulista continua sendo disputado normalmente.

Até o momento, apenas o Campeonato Catarinense e o Cearense foram suspensos.

Comunicado da FENAPAF sobre a paralisação do futebol

"Após inúmeras manifestações de atletas diretamente conosco, a FENAPAF esclarece que segue atenta às condições de trabalho dos jogadores de futebol no Brasil. É inegável que o momento atual da pandemia gera preocupações crescentes. Contudo, mais uma vez, lembramos que a entidade não explicita ideias personalistas de seus diretores, mas aquelas trazidas pela maioria de nossos representados, que preferem seguir em atividade, respeitando todas as normas de segurança vigentes.

Importante lembrar que a maioria dos jogadores de futebol no Brasil está distante de altos salários e que dependem da continuidade de sua profissão para manter a si e seus familiares. Com isso, impossível defendermos providências distintas para uma mesma categoria.

O debate não pode e não deve se encerrar por aqui, mas precisamos seguir, como sempre fazemos, ouvindo o que demanda toda a categoria"

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Fonte: Uol