Série: Os assuntos mais urgentes dos clubes brasileiros em meio à parada forçada

O melhor elenco do país, time voando em campo, títulos em sequência e cofres cheios. Entre todos os clubes brasileiros, ninguém chegou à parada forçada pela pandemia do coronavírus em situação tão confortável quando o Flamengo . Porém, também é um fato que boa parte de tantas boas notícias nos últimos meses tem o mesmo fio condutor: o técnico Jorge Jesus.

E é justamente este o assunto mais urgente a ser tratado pela diretoria rubro-negra assim que a bola voltar a rolar: a renovação de contrato com o português. O atual vínculo termina em 15 de junho, e o clube demonstra otimismo - Jesus também não dá sinais de que deseja interromper a trajetória.

Mas nem tudo se resolve com gratidão. A pedida salarial do treinador português é alta, algo em torno de 7 milhões de euros por ano (cerca de R$ 38,7 milhões), além de bônus por metas atingidas. Mesmo sem dívidas de curto prazo, certamente traria impactos no planejamento financeiro da temporada, já abalado pela redução de receitas em meio à paralisação completa dos torneios.

Esse valor, livre de impostos, aumentaria o custo para o Flamengo para cerca de R$ 4 milhões mensais, na cotação atual. O cenário atual também pesa a favor do português. Após as conquistas da Libertadores e do Campeonato Brasileiro em 2019, o Flamengo venceu mais três títulos nos dois primeiros meses deste ano: Supercopa do Brasil, Recopa Sul-Americana e Taça Guanabara. E a cada medalha no peito, Jesus tem seus métodos e posturas cada vez mais exaltados pelo grupo de jogadores.

A pressão da torcida pela renovação também vai aumentar de tamanho assim que o coronavírus sumir por estas bandas. Internamente, não há opções com retrospecto recente similar ao do português. Trazer um novo técnico estrangeiro, por sua vez, demandaria um período de adaptação com a temporada em andamento - e possivelmente apertada para recuperar o longo período sem jogos.

O alento fica por conta do adiamento da Copa América e dos Jogos Olímpicos de Tóquio, que certamente fariam o Flamengo perder jogadores valiosos no momento mais crítico da temporada. Uma eventual convocação de Tite para o torneio sul-americano, por exemplo, significaria baixa por até 10 rodadas só no Campeonato Brasileiro.

O novo acordo de Jorge Jesus com o Flamengo está sendo intermediado por Bruno Macedo, um dos agentes do treinador, liberado para ficar com sua família, em Portugal, após testar negativo para o Covid-19. Enquanto as duas partes tentam chegar a um denominador comum, há apenas uma certeza: a cotação do Mister nunca esteve tão alta. E seu nome é gritado em volume cada vez mais alto nas arquibancadas do Maracanã.