Agora no Flamengo, Renato Gaúcho vai valorizar mais o Campeonato Brasileiro?

Renato Gaúcho inicia neste domingo, contra o Bahia, às 18h15, no Estádio de Pituaçu, a disputa de mais um Campeonato Brasileiro como treinador. E, pela primeira vez, no comando do Flamengo. Para a torcida rubro-negra, que alimenta a esperança da conquista do inédito tricampeonato, o nome do técnico traz questionamento inevitável sobre qual importância ele dará à competição.

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O histórico de Renato no Brasileiro, somado a algumas declarações ao longo dos últimos anos, o associa à imagem de um treinador que não dá o devido valor ao campeonato. Prefere apostar suas fichas no mata-mata — nas quais, é bem verdade, costuma se sair bem. Só que, com sua cultura de grandiosidade e as conquistas dos últimos anos, a torcida do Fla não costuma aceitar este tipo pensamento. E já reclama nas redes sociais.

A última passagem de Renato pelo Grêmio simboliza bem esta imagem. Treinou o time gaúcho em quatro edições seguidas do início ao fim (de 2017 a 2020) e, em todas, alternou o uso de equipes titulares e reservas. A falta de prioridade ao Brasileiro chegou ao ponto de, em algumas partidas, nem o próprio técnico ir para o jogo e mandar o auxiliar.

Ainda assim, o Grêmio sempre terminou na parte de cima da tabela. Nas três primeiras edições, foi quarto colocado. Na última, terminou em sexto, mas em nenhuma brigou pelo título. No primeiro ano, até chegou a perseguir o líder Corinthians em parte do torneio. Mas perdeu forças e foco à medida em que avançou na Libertadores. O Brasileiro em que Renato fez sua melhor campanha foi o de 2013, quando foi segundo, mas 11 pontos atrás do Cruzeiro.

Em compensação, já amargou um rebaixamento, com o Vasco, em 2008. Naquele mesmo ano, quando ainda estava no Fluminense, fizera a célebre declaração de que o time “iria brincar no Brasileiro”. A frase virou piada, já que o tricolor lutou contra a queda.

Alguns fatores indicam que Renato não deve adotar a mesma estratégia dos tempos de Grêmio em relação ao Brasileiro. A primeira delas diz respeito à diretoria. Afinal, não é justo atribuir ao técnico toda a responsabilidade pela decisão de priorizar o mata-mata nos últimos anos. Ele sempre contou com a cumplicidade da cúpula gremista. Na Gávea, não encontrará este mesmo respaldo. Principalmente num ano de eleição.

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Além disso, ao contrário do Grêmio, o elenco do Flamengo é marcado por um desequilíbrio gritante. Enquanto os titulares formam uma das melhores equipes do futebol brasileiro, os reservas não conseguem manter nem mesmo um rendimento parecido. Hoje, nada de poupar. Além da base dos últimos jogos, ainda contará com as voltas de Willian Arão, que estava suspenso, e Diego, recuperado de lesão.

Fonte: O Globo