Adriano só tinha motivos para sorrir naquele 29 de junho de 2005. Com a camisa 9 do ídolo Ronaldo, acabara de fazer dois gols na Argentina e liderar a seleção brasileira em mais um título sobre a eterna rival, um ano depois da histórica conquista da Copa América , também com participação decisiva sua.
Ao receber a chuteira de ouro como artilheiro da Copa das Confederações, o Imperador estava no topo do mundo. Fazia sucesso na Inter de Milão e tinha passaporte carimbado para o Mundial de 2006, em que o Brasil entraria como favorito. Ninguém podia pará-lo, aparentemente - só ele mesmo.
E foi isso que aconteceu.
Desde aquela tarde em Frankfurt, a carreira do artilheiro pegou outro rumo. Sim, Adriano foi para a Copa do Mundo , mas não brilhou como se esperava, assim como os demais integrantes do 'quadrado mágico", formado por ele, Kaká, Ronaldinho Gaúcho e Ronaldo.
Fez apenas um gol, na vitória por 3 a 0 sobre Gana, nas oitavas de final, e acabou o torneio na reserva, sem o status conquistado nos anos anteriores. Era preciso recomeçar.
A partida da eliminação contra a França virou uma das últimas vezes que o artilheiro defendeu a seleção. Foi chamado por Dunga esporadicamente no ciclo seguinte, mas ficou fora da Copa, preterido por Luis Fabiano, novo dono da camisa 9, Grafite e Nilmar. Muito pouco para alguém do tamanho de Adriano.
Em clubes, o desempenho também caiu. O Imperador, que tinha anotado 64 gols em três temporadas pela Internazionale , passou a atuar cada vez menos e, consequentemente, balançar menos as redes. Pessoas próximas garantem que a morte do pai, em agosto de 2004, mexeu demais com o atacante e ajuda a explicar o andamento da carreira.
Atrapalhado por problemas pessoais, Adriano deixou deixou a Inter e voltou ao futebol brasileiro em 2008, para jogar seis meses emprestado ao São Paulo . Era a chance de se reerguer e retomar o bom futebol.
Fez 17 gols em 28 jogos, deu sinais de recuperação e retornou à Itália, mas não ficou muito. Meses depois acertou com o Flamengo , para viver o último grande suspiro da carreira.
Pelo time do coração, foi campeão brasileiro e artilheiro em 2019, com 19 gols em 30 partidas. Seguiu no Rio de Janeiro até o fim do primeiro semestre de 2010, retornou à Itália para uma rápida passagem pela Roma (oito jogos) e em seguida aceitou o desafio de substituir Ronaldo no Corinthians .
Se tinha feito sucesso no Morumbi, Adriano não emplacou no time alvinegro, ainda que tenha feito um gol decisivo, na vitória por 2 a 1 sobre o Atlético-MG , na campanha do título brasileiro de 2011. Foi embora do clube na temporada seguinte, antes da conquista da Libertadores e do Mundial.
Adriano ainda tentou voltar ao futebol duas vezes. Em 2014, acertou com o Athletico-PR , mas só disputou quatro jogos e foi dispensado pelo clube, após faltar em treinamentos. Dois anos mais tarde, fez uma única aparição com a camisa do Miami United, último time da carreira, aos 34 anos. Desde então, nunca mais atuou profissionalmente.
Era o fim da história do Imperador que encantou o mundo em 2005, mas que não conseguiu se manter no topo dele por tanto tempo.