A primeira vez a gente nunca esquece

O dia 1º de junho de 1980 foi uma data de celebração e alivio para a torcida do Flamengo: finalmente o clube se tornava campeão brasileiro.

- Todo mundo falava: "Ah, o Flamengo era um time de Maracanã, só joga no Rio de Janeiro” – recorda Junior.

A história da conquista de 1980 começou de uma maneira curiosa. O Flamengo tentou repatriar Roberto Dinamite, que tinha acabado de chegar ao Barcelona, mas não se adaptava ao clube espanhol. Em meio à (frustrada) negociação com o ex-jogador do Vasco, chegou Nunes, sem muito alarde.

O atacante começou nas divisões de base do Flamengo, mas foi dispensado. Depois de rodar por Confiança, Santa Cruz e Fluminense, Nunes retornou à Gávea emprestado pelo Monterrey do México.

- Infelizmente não me aproveitaram na época, deram a minha liberação. Quando eu saí do Flamengo eu deixei bem claro: estavam me mandando embora, mas ainda iam me comprar bem caro – recorda Nunes.

1 de 1 Zico e Nunes comemoram o segundo gol do Flamengo na decisão de 80 — Foto: Acervo O Globo

Zico e Nunes comemoram o segundo gol do Flamengo na decisão de 80 — Foto: Acervo O Globo

Roberto voltou ao Vasco e não fez falta ao Flamengo. Nunes caiu como uma luva na equipe de Claudio Coutinho, que já havia convocado o atacante para a Seleção Brasileira na preparação para a Copa de 78.

- Era a peça que faltava – recorda Zico, que jogara com Nunes na Seleção.

Goleada e zebra

A campanha foi tranquila, com destaque para a goleada de 6 a 2 sobre o Palmeiras no Rio. Um resultado com gosto de forra: em 1979 o Flamengo foi eliminado do Brasileiro pelo time paulista com uma goleada de 4 a 1 também no Maracanã. Mas a zebra também “mordeu” o futuro campeão brasileiro: derrota de 2 a 1 para o Botafogo da Paraíba em casa.

- O momento mais importante para nós naquela conquista foi a derrota para o Botafogo da Paraíba no Maracanã. Aquilo abriu os nossos olhos – lembra Zico.

Os dois jogos decisivos marcaram o início de uma grande rivalidade entre Flamengo e Atlético Mineiro. A primeira partida, em Belo Horizonte, foi violenta, disputada em clima quente. O Atlético venceu por um a zero, gol de Reinaldo. O Galo jogaria por um empate para ser campeão no Rio de Janeiro.

Na finalíssima, no Maracanã, Nunes foi o herói num duelo particular com Reinaldo, que já havia sido “rival” por um lugar na Copa de 78 – curiosamente, o outro atacante convocado para o Mundial dois anos antes foi Roberto, que quase foi concorrente de Nunes no Flamengo.

Mas a tarde do dia 1º de junho de 1980 foi do “João Danado”. Nunes fez o primeiro e o inesquecível terceiro gol da vitória por 3 a 2. Reinaldo também fez dois gols (o segundo quando já estava contundido) e ainda foi expulso.

Naquela que é considerada uma das maiores decisões da história do Brasileirão, surgia a mística do “Artilheiro das Grandes Decisões”.

- Eu tenho certeza de que a nação rubro-negra tem um orgulho muito grande da gente. Ninguém vai apagar o que nós fizemos. Nós estamos na história para sempre – disse Nunes, que também faria dois gols na decisão do Mundial de 1981 contra o Liverpool.

Para Junior, a conquista do Brasileiro de 80 foi um marco para tudo o que aconteceria depois no clube.

- Em 81, Libertadores e Mundial. Depois você veio em 82, outro Brasileiro. Em 83, outro Brasileiro. Mas na verdade se não tivesse acontecido em 80, as outras não teriam acontecido – disse Junior.

Fonte: Globo Esporte
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