A primeira impressão: comentaristas avaliam estreia de Jesus no Flamengo

Rio - As câmeras teimaram em captar as reações de Jorge Jesus à beira do campo, quarta-feira, no empate do Flamengo com o Athletico-PR (1 a 1), pela Copa do Brasil. Também pudera: o primeiro jogo do treinador era tão aguardado quanto o próprio time, que parou quase um mês para a Copa América. O mais desconfiado pode dizer que o português estreou sem vencer; para o torcedor que analisa o 'copo meio cheio', ele arrancou um empate em território hostil para o Rubro-Negro. Afinal, foi positiva ou negativa a estreia de Jesus?
O DIA convidou o jornalista Mauro Cezar Pereira, comentarista dos canais 'ESPN', e o radialista Washington Rodrigues, o Apolinho, da 'Rádio Tupi', para avaliar o primeiro jogo de Jorge Jesus pelo Flamengo. Ambos ressaltaram a dificuldade de estrear na Arena da Baixada, estádio de pouquíssimas boas lembranças dos torcedores - em 20 jogos, apenas uma vitória, em 2011.
Em sua 'palinha' sobre o jogo, Apolinho disse não ter gostado muito do que viu, embora saiba que enfrentar o Furacão fora de casa é pior que 'capinar sentado': "O Flamengo tem um histórico de maus resultados na Arena da Baixada. Era estreia, a temperatura estava muito baixa. De campo e bola, acho que ele errou na escalação. Achei que o time ficou muito aberto e chutou muito pouco em gol. O Athletico esteve muito mais perto de vencer do que o Flamengo. Mas, em resultado propriamente, foi excelente. Só me deixou um pouco preocupado", comentou.
Mauro Cezar avaliou atuações bem diferentes do primeiro para o segundo tempo. Para o jornalista, o mérito de Jorge Jesus foi ter colocado em campo um time mais coletivo, organizado e propositivo - chegou a pressionar o Athletico em determinado momento.
"Foi uma estreia razoável. Foi um time que marcou mais alto, que se propôs a ter mais a posse, que tocou mais a bola e definiu as jogadas. O Flamengo não jogou fechado", comentou. "E todos os times têm sofrido na Arena da Baixada. O Boca Juniors, vice-campeão da última Libertadores, tomou de três lá esse ano. O River Plate, atual campeão, também perdeu (pela Recopa Sul-Americana). Era o pior cenário possível para a estreia, mas o time teve um desempenho bom, na média entre o primeiro e o segundo tempos".
Trabalho a longo prazo
Tarimbados quando o assunto é Flamengo, Apolinho e Mauro Cezar destacaram a importância de o técnico ter tempo para trabalhar. O radialista da Tupi, no entanto, diz desconfiar da rigidez do português, que cogitou proibir idas à praia nos dias de folga, mas voltou atrás.
"Essa coisa de cartilha já deu errado em 1970, com Iustrich (antigo técnico). Essa história de policiar jogador, a curto prazo, pode derrubá-lo. Mas vamos acompanhar. Ele está ali para ganhar. Se ganhar, estou fechado com ele. Torço pelo Flamengo com qualquer treinador. Ele só precisa aprender que aqui a banda toca diferente. O Flamengo só tem céu e inferno, não tem purgatório", alertou.
Mauro Cezar aponta que as novas ideias de Jorge Jesus podem oxigenar o futebol brasileiro. "O trabalho dele é uma questão de tempo. Não é no jogo da semana que vem, contra Goiás, Athletico ou Corinthians, que vai ficar tudo perfeito. Mas, o mais importante é estar falando sobre esse trabalho. Ele traz ideias novas para o Brasil, é um choque cultural, e isso é o fundamental".
Fonte: O Dia