Mesmo com irregularidade, Flamengo melhorou contra o Palestino em relação aos últimos jogos

Para analisar a atuação do Flamengo, é preciso separar o desempenho pelos tempos de jogo. Nos primeiros 45 minutos, o rubro-negro chegou perto da perfeição. Ao contrário do jogo diante do Nova Iguaçu, quando venceu um time de nível inferior sem apresentar um futebol vistoso, contra o Palestino os comandados de Tite fizeram valer a enorme superioridade e, com bom desempenho e volume de jogo, amassaram os chilenos.

Praticamente todos os jogadores de linha foram bem ao longo da criação ofensiva, incluindo a dupla de zagueiros, que teve o debutante Léo Ortiz ao lado de Léo Pereira. Com um congestionamento na entrada da área pelo 5-4-1 do Palestino, coube à equipe atacar as alas.

Pela direita, Luiz Araújo foi quem chamou a responsabilidade. Varela, mais tímido, até subiu para atacar os espaços e jogar em profundidade, mas não foi tão atuante quanto poderia. Já pela esquerda, Everton e Ayrton Lucas infernizaram a vida dos defensores do Palestino. Com muitas dobras pelo setor, a dupla produziu por ali as melhores chances de gol do Flamengo, às vezes também com a ajuda de Arrascaeta. Ao todo, foram 13 finalizações na primeira etapa, sendo seis no gol.

Antes do golaço marcado por Pedro, aos 20 minutos, Everton já havia criado ao menos duas oportunidades de abrir o placar em jogadas individuais ou em tabelinhas com Ayrton Lucas. No entanto, parou sempre no bloqueio dos zagueiros chilenos ou no goleiro Rigamont, que muito trabalhou ao longo da partida.

Coube ao artilheiro, que começou a temporada voando, marcar o primeiro do Flamengo. Após jogada pela esquerda, Ayrton Lucas chutou e a bola foi bloqueada por Linares. O árbitro Facundo Tello poderia ter assinalado pênalti, já que a finalização parou na mão do camisa 5 do Palestino, mas Pedro foi mais rápido e, em lance genial, deu lindo lençol no goleiro e cabeceou sozinho para o fundo das redes. Foi o 13º gol do centroavante em 14 partidas no ano.

— O primeiro tempo foi muito bom, volume de jogo muito alto. Tivemos chances claras de gol, poderíamos ter feito um placar mais amplo. Diminuímos o ritmo, não fizemos um bom segundo tempo — disse Pedro.

— Ela (a diferença) teve o aspecto emocional e físico, com a responsabilidade de fazer o placar, de saltar na tabela. Devo reconhecer uma coisa que cobrei bastante essa semana é a precisão de finalização. No outro jogo, a gente teve um declínio. Tivemos muitas oportunidades, e o goleiro adversário estava posicionado em dois lances. Foi um grande jogo no primeiro tempo, temos que reconhecer. Quando você não traduz isso (em gols), fica uma ansiedade no ar. Tem que passar por esses momentos e saber ser gelo — analisou Tite.

A intensidade rubro-negra, de fato, caiu na segunda etapa. Atrás no placar, o Palestino voltou do intervalo com mais um atacante, Bryan Carrasco, no lugar do meia Benítez. A alteração fez com que o time chileno colocasse mais jogadores no campo de ataque, o que aumentou as obrigações defensivas dos meias do Flamengo. Pulgar, muito atuante na criação na primeira etapa, ficou posicionado mais como um cabeça de área. Ainda assim, o rubro-negro sofreu consideravelmente com os contra-ataques dos adversários. Rossi, que pouco trabalhou na etapa inicial, teve que fazer ótima defesa após chute mascado de Abrigo.

O ataque também não produziu tanto. Num 4-3-3, o técnico Pablo Sánchez colocou seu ponta direita para dobrar na marcação de Everton junto do lateral. Sem espaços, o atacante rubro-negro foi pouco efetivo, assim como Luiz Araújo, que acabou substituído por Bruno Henrique.

Sem efetividade no ataque, Tite colocou sangue novo com Lorran e Victor Hugo. O Flamengo ganhou mais pegada no meio com os jovens e conseguiu ampliar o placar nos minutos finais.

Lorran cobrou escanteio aproveitado na primeira trave por Léo Ortiz, que coroou a boa atuação em sua estreia.

No domingo, o rubro-negro volta a campo contra o Atlético-GO, pela estreia no Campeonato Brasileiro.