Grana x resultados: cinco motivos para crer que Brasília não é casa do Fla

flamengo x são paulo - mané garrincha (Foto: richard souza) Fla não tem se dado bem no Mané (Foto: Richard Souza)

Sem o Maracanã, o Flamengo elegeu como palco ideal o Mané Garrincha, onde passou a jogar com boa frequência desde a reforma do estádio, em 2013. Os resultados financeiros são ótimos. Em 17 jogos, o público total foi de 597.389 presentes (média de 35.140 por partida) e a arrecadação bruta de R$ 38.549.875 (R$ 2.267.639,7 por confronto), mas os resultados esportivos, em contrapartida, deixam muito a desejar. Some-se a isso a insatisfação de atletas com constantes viagens e a qualidade do gramado.

A torcida local, por sua vez, já permitiu que o Mané virasse campo neutro em algumas oportunidades e pisou na bola ao vaiar muito o time em compromisso que interrompeu ótima arrancada no Brasileiro de 2015.

Veja abaixo cinco motivos que levam a crer que Brasília não é a casa do Flamengo:

1) Retrospecto negativo

Em 17 jogos realizados na capital desde que o Mané virou arena de Copa do Mundo, o Flamengo venceu apenas três vezes, perdeu outras três e empatou 11. O aproveitamento é de 39%. Vale destacar que destas partidas, o Rubro-Negro só não foi mandante contra Santos (0x0 em 2013), Vasco (1x0 em 2013) e Fluminense (2x1 em 2016).

2) Viagens a mais

Em vez de optar por jogos em Volta Redonda ou Edson Passos, o Flamengo adicionou cinco viagens ao seu calendário em 2016 em função da preocupação com arrecadação. Em diversas entrevistas, Muricy Ramalho, ex-treinador rubro-negro, reclamou que era preciso encontrar uma equação entre ganhos financeiros e resultados esportivos.

Em duas destas viagens, o Flamengo ainda teve a falta de sorte de encontrar problemas pontuais. Em março, ao embarcar para a capital de olho na partida com o Figueirense, o mau tempo estendeu o tempo de voo, e na chegada a aeronave arremeteu. Esperava-se que a viagem fosse feita em uma hora e quarenta minutos, mas acabou concluída em quatro horas e 18 minutos .

Em 4 de junho, um dia antes do duelo com o Palmeiras, novo problema, desta vez no avião. A decolagem estava prevista para 15h, mas só aconteceu mais de quatro horas depois.

3) Campo ruim

O gramado do Mané Garrincha foi publicamente criticado por Muricy Ramalho e Willian Arão. O ex-comandante o fez após o empate contra o Figueirense (1x1), em março.

Flamengo x São Paulo, Mané Garrincha (Foto: Marcelo Hazan/GloboEsporte.com) O gramado neste domingo estava assim (Foto: Marcelo Hazan/GloboEsporte.com)

- Gostei de Brasília primeiro porque o estádio é muito bom. O campo não estava tão bom igual da outra vez, não sei o que aconteceu, mas temos que valorizar o lugar. Temos muita torcida aqui, e é bom o jogador jogar sempre no mesmo lugar. A gente não quer é se movimentar muito - disse o então técnico Muricy Ramalho.

Há 15 dias, depois da derrota por 2 a 1 do Palmeiras, Willian Arão também cornetou o campo e reclamou da quebra de rotina de jogos em Volta Redonda.

- Primeiro: dentro de casa, né? Porque a gente estava começando a jogar em Volta Redonda, agora volta aqui para Brasília. A última vez que a gente veio aqui o gramado estava bem diferente do que está hoje. É difícil falar (do gramado), porque estava cheio de buraco antes e agora a grama estava um pouquinho alta, mas não estava muito ruim não.

4) Mandante?

Nos últimos dois jogos do Flamengo em Brasília, uma coisa ficou clara: enfrentar clube grande lá pode resultar em campo neutro. Contra o Palmeiras, os alviverdes foram muito mais barulhentos e dividiram o Mané Garrincha. Neste domingo, diante do São Paulo, havia mais rubro-negros, porém o número de são-paulinos foi grande. Além disso, estava previsto que o setor inferior seria exclusivo aos flamenguistas, mas isso não foi respeitado. Torcedores chegavam à paisana e já na arquibancada exibiam seus pertences alusivos aos Tricolor (veja abaixo) .

Flamengo x São Paulo, Mané Garrincha (Foto: Reprodução) Flamengo x São Paulo, Mané Garrincha (Foto: Reprodução)

Vale destacar que, mesmo com a invasão palmeirense ocorrida 14 dias antes, o Flamengo, que fez operação da partida, disponibilizou 19 mil ingressos para setor misto e outros 3.500 exclusivos à torcida do São Paulo.

5) Vaias no primeiro tempo

Depois de um início muito ruim no Brasileirão 2015, o Flamengo emplacou uma série de seis vitórias seguidas e de forma surpreendente ficou no G-4 por duas rodadas. Deixou o grupo dos que se classificam à Libertadores no jogo de maior público da competição: Fla 0x2 Coritiba, em 17 de setembro de 2015, no Mané Garrincha. A torcida local já tinha a fama de não empurrar muito o time nem pressionar adversários, mas no duelo em questão queimou a largada e começou a vaiar ainda aos 25 minutos do primeiro tempo. Os apupos foram direcionados especialmente para César Martins, que errou na saída de bola no lance do segundo gol rival.

Em grande fase, o Rubro-Negro tinha à sua disposição o Maracanã, mas vendeu a partida para o Mané Garrincha após ter conseguido boa renda no jogo contra o Avaí, realizado em Natal e vencido por 3 a 0 pelo Fla 14 dias antes do tropeço diante do Coxa.

Justificativas de torcedores locais

Muitos brasilienses alegam que o ingresso para quem não é sócio-torcedor é caro. Com isso, quando o clube anuncia que fará cinco jogos no estádio pelo Campeonato Brasileiro, boa parte deles acaba selecionando. Na defesa esportiva, pode-se falar que o Flamengo fez três grandes jogos em Brasília em 2016: a vitória por 2 a 1 sobre o Fluminense, e os empates com Vasco (1x1) e São Paulo (2x2, neste domingo).

Fonte: Globo Esporte