Carrasco do Flu e autor de golaço no Galo, Jacozinho volta a jogar em MG

Marcos Aurélio Jacozinho, atacante Patrocinense SEP (Foto: Renato Oliveira) Marcos Aurélio está prestes a voltar a jogar no profissional (Foto: Renato Oliveira)

Carrasco do Fluminense no Campeonato Brasileiro de 1996, ano do primeiro rebaixamento tricolor. Campeão da Copa Mercosul pelo Flamengo, em 1999. Autor do gol do meio de campo pela Ponte Preta diante do Atlético-MG, em 2000. Vice da Libertadores com o São Caetano, em 2002. Gremista presente na Batalha dos Aflitos, em 2005. Aposentado em 2014. Com passagens por diversos clubes e presente em momentos marcantes do futebol nacional nas últimas duas décadas, Marcos Aurélio Jacozinho está de volta, aos 38 anos. O atacante que surgiu como promessa do Flamengo em 1995 decidiu deixar momentaneamente a função de gerente de futebol para pegar as chuteiras de novo e voltar a jogar no Módulo II do Campeonato Mineiro, pela Patrocinense, time do interior do estado.

– Eu estava há um ano meio parado, passei a atuar como treinador e em outros cargos. Na Patrocinense entrei como gerente de futebol e comecei a ajudar nos treinos. Tinha torcedores acompanhando as atividades no nosso estádio, Júlio Aguiar, aí criou aquela coisa de querer voltar, os torcedores e jogadores vieram pedindo isso. Como estava no projeto, por que não ajudar dentro de campo também? – disse.

Marcos Aurélio Jacozinho, atacante Patrocinense, SEP (Foto: Renato Oliveira) Jacozinho entrou como gerente de futebol e virou meia durante os treinamentos da Patrocinense (Foto: Renato Oliveira)

Habilidoso, o veloz atacante de 1,69 m, ganhou o apelido de Jacozinho ainda na base do Flamengo, pois era comparado ao atacante alagoano da década de 1980. Vendo a escassez de meias de qualidade no futebol profissional, o atacante vai voltar na função de armação, onde atuou no fim da carreira.

– A gente sabe que perde um pouco da parte de explosão, velocidade. Pela minha experiência e qualidade, consigo suprir isso. Hoje está em falta aquele meia com visão de jogo, meia de ligação. Eu ainda consigo, por isso decidi voltar. Está faltando esse meia clássico. Estamos apostando que eu possa render e ajudar em alguma coisa – explicou.

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Fla-Flu 96

Com nome publicado no Boletim Informativo Diário (BID) da CBF, Marcos Aurélio está apto a jogar. A preparação física começou há cerca de um mês, e a estreia, mesmo que por alguns minutos, pode ser neste sábado, às 16h, contra o Uberaba, em Patrocínio, pelo estadual. Mas antes de pisar em campo novamente, Jacozinho relembrou momentos marcantes de sua carreira cigana no futebol.

Em novembro de 1996, Marcos Aurélio entrou em campo pelo Flamengo no clássico contra o Fluminense, pelo Campeonato Brasileiro, e decidiu. Com dois gols, deixou o Tricolor das Laranjeiras afundado na última colocação do Brasileiro, a três rodadas do fim da primeira fase, ajudando no primeiro rebaixamento do Tricolor no Brasileiro unificado. O primeiro gol inaugurou o placar do jogo, e o segundo, um golaço, fechou o caixão (veja no vídeo acima).

– Lembro que foi a primeira vez que o Fluminense caiu. O primeiro gol foi de cabeça, o Caíco cruzou e entrei de cabeça. O segundo foi um contra-ataque, recebi um passe do Iranildo, driblei o zagueiro e dei um "totozinho" por cima do goleiro. Entrei quase com bola e tudo. Esse lance marcou porque o clássico complicou a vida do Fluminense naquele ano – lembrou.

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Gol do meio de campo

A partir do jogo contra o Fluminense, Jacozinho começou a aparecer para o futebol e chegou a ser parceiro de ataque de Romário. Mas o lance que mais marcou a carreira do atacante foi com a camisa da Ponte Preta, no Brasileirão, em 2000. Em um jogo contra o Atlético-MG, ele fez o "gol que Pelé não fez". A fantástica finalização rende chacota até hoje quando Jacozinho encontra com o goleiro Velloso (veja no vídeo abaixo).

– Eu fui no banco de reservas receber algumas instruções do treinador, aí depois da cobrança de escanteio e bola chegou em mim. Do jeito que eu estava, vi o Veloso adiantado, já virei e mandei um chute do meio rua. Marcou muito – contou.

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Libertadores 2002

Além desses jogos, Marcos Aurélio estava na sensação São Caetano, quando disputou a final da Copa Libertadores da América em 2002, e perdeu nos pênaltis para o Olimpia (PAR). Jacozinho, que teve um atrito com o técnico Jair Picerni durante a campanha, por causa de uma expulsão nas oitavas de final, não jogou a final, mas disse que o Azulão não era surpresa e lamentou a perda do título (veja no vídeo abaixo).

– Eu era sempre a primeira opção do banco a entrar. Teve um jogo em casa, que a gente precisava ganhar, nas oitavas de final (contra o Universidad Católica-CHI), eu entrei e fui expulso. Aí o Jair Picerni tomou uma birra disso e acabei ficando no banco em alguns jogos. Depois, nos outros, ele me cortava no vestiário. Mas o São Caetano já era uma força no futebol, e não era zebra. Era muito difícil de ser batido em casa. Na final, lembro que a gente tinha ganho de 1 a 0 no Paraguai. Em casa, fizemos 1 a 0 e faltando 15 minutos para acabar o jogo estava assim, os caras tinham que virar o jogo para ir para os pênaltis. Em cinco minutos, fizeram dois gols. Lembro que em um lance a bola bateu na cabeça do saudoso Serginho, e encobriu o Sílvio Luiz. Acabaram ganhando nos pênaltis. Foi uma pena, estávamos com o título na mão – lamentou.

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Batalha dos aflitos

Outro episódio marcante foi a Batalha dos Aflitos, entre Grêmio e Náutico, em 2005 (veja no vídeo abaixo) . Jacozinho conviveu com lesões nessa temporada, mas estava no banco de reservas da partida histórica. E, por pouco, não ajudou a encerrar o jogo antes da cobrança de pênalti do Náutico e após as expulsões de quatro jogadores do Grêmio. O jogador lembra ainda de uma reunião com o treinador Mano Menezes no banco de reservas.

– Foi uma coisa que nunca mais vai acontecer. Só quem vivenciou sabe. Eu conhecia todo mundo ali. Joguei o estadual no Náutico e a Série B pelo Grêmio. Por mais que a gente reveja a história, sempre tem algo de novo, um outro ângulo. Eu estava no banco, nem cheguei a entrar. Lembro que alguns jogadores e eu, nos reunimos com Mano (Menezes), conversamos, e a gente estava discutindo uma melhor maneira para não deixar o pênalti ser batido. Ter mais alguém expulso para o jogo acabar, essas coisas. Mas nos avisaram que poderíamos ser eliminados, caso isso acontecesse. Então, chegamos a conclusão que era melhor deixar bater o pênalti. Conseguimos defender, marcar e ser campeões – contou.

Marcos Aurélio ainda teve passagens por Joinville, Náutico, Juventus-SP e Independente de Limeira-SP, onde encerrou a carreira. Também passou pelo futebol espanhol, português e austríaco. No mineiro, será a primeira vez.

Marco Aurélio Jacozinho e Marcos Bruno técnicos Sumaré Copa São Paulo (Foto: Carlos Velardi / EPTV) Jacozinho (dir.) trabalhou como técnico no Sumaré, na Copa SP de Futebol Júnior, ao lado do seu atual treinador na Patrocinense, Marquinhos (esq.) (Foto: Carlos Velardi / EPTV)
Fonte: Globo Esporte